Com a aproximação da principal temporada de incêndios florestais do país, que acontece entre agosto e outubro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) intensificou as ações de manejo integrado do fogo (MIF), principalmente a execução das queimadas prescritas. Neste ano, serão contratados 1.659 brigadistas para atuar nos 18 estados em período de seca. Destes, 75 iniciaram as atividades no mês de abril, com o uso controlado do fogo para conservação da natureza.

As queimadas prescritas são realizadas pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e suas Brigadas Federais (BRIFs) nas áreas de savana dos biomas Cerrado, Amazônia e Pantanal, que são altamente dependentes do fogo. Isso significa que os ecossistemas necessitam dele para manter diversos processos, como espécies de plantas que só florescem depois das chamas e até mesmo para equilíbrio hídrico. Sem as queimas controladas, a vegetação pode sofrer alterações, o que afeta a recarga dos aquíferos. Populações locais também são diretamente impactadas, pelo melhor fornecimento de recursos naturais.

A previsão do Ibama, para 2021, é de aproximadamente 4 mil queimadas prescritas em 35 terras indígenas e 1 território quilombola, o que representa uma área de mais de 11 milhões de hectares. Do total, cerca de 1 milhão de hectares devem ser manejados com o uso do fogo. Entre os efeitos esperados, está a redução do combustível florestal, como capim, folhas, galhos e troncos, que alimentam os incêndios florestais na temporada crítica de estiagem, além da própria preservação da biodiversidade.

Os combatentes responsáveis pelas queimadas prescritas trabalham de abril até julho na maior parte do país, exceto em Roraima, onde a temporada acontece de outubro a dezembro. A partir de agosto, quando as condições meteorológicas começam a se tornar críticas, as queimas são suspensas, uma vez que os ecossistemas ficam sensíveis às chamas. No período de emergência ambiental, os brigadistas passam a integrar as brigadas normais e especializadas para fazer o combate dos incêndios florestais, geralmente de origem acidental ou criminosa, que resulta em prejuízos para o meio ambiente e a sociedade.

Cada queima realizada pelos brigadistas do Prevfogo/Ibama segue critérios técnicos, como época de execução, frequência de queima, intensidade e velocidade das chamas. Neste ano, 59% dos combatentes são indígenas. Eles utilizam seu conhecimento tradicional, associado a equipamentos e métodos modernos, para que essas queimas sejam realizadas de forma segura e eficiente.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) são parceiros nas atividades de queima prescrita, fornecendo recursos materiais e humanos para a sua realização.